Alicerçada em lembranças de uma infância criativa, Rosemarie vem assumindo uma marcada dimensão empírica em sua prática cotidiana de trabalho artístico.
A artista se dedica à pintura desde 1996 e sua inspiração é a natureza: com suas cores, o efeito da luz e da sombra, movimentos, e sentimentos transpostos ao tema que pinta. Sempre pintou flores e tem quadros premiados em Salões, mas é agora nesta exposição individual que suas flores desabrocharam em seu mais contundente esplendor.
Na poética das flores, ela se permite experimentar a adoção de um modelo único em seus canais de conversação entre lembranças, observações do cotidiano e pensamentos criativos.
Nesse contexto, vem mantendo uma importante interlocução entre seus saberes, na arte da pintura e na escrita. Propõe novas visualidades sobre o belo do mundo, inventando lugares em composições que predominam as flores ou retratando lembranças já vividas. “Eu ficava horas na janela da varanda de minha casa contemplando os galhos da Pereira com suas flores.” É impossível não se emocionar com a obra Flores da Pereira, que arrebata sentimentos na pretensão de que pétalas de flores esperam o acariciar de quem as contempla.
Rose já pintou o outono com sua paleta de cores quentes e pinceladas rápidas, e agora, sua escolha é a primavera e suas flores, com nuances mais suaves, indo para os tons pasteis, à procura de mais detalhes. Pinta a primavera, cada ano mais incomum. Será por essa razão que os artistas pintam flores? Quase todos. Exuberantes ou delicadas, esfuziantes e coloridas, majestosas ou pequenas, em vasos, pelos campos, lagos ou rios, e na pluralidade acumulam beleza!
Para esta exposição, Rosemarie ousa em apresentar além das pinturas a óleo sobre tela. A pintura cria corpo e se transforma em pintura-objeto ou objeto-instalação em pintura.
No conjunto, a artista transforma a exaltação de seus sentimentos pessoais em paisagens e flores, muitas flores! Que possamos abrir nossas janelas para contemplar as flores dos jardins de Rose.
Cristina Pretti – Curadora
